quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Diário de um FLIQuante - Parte 3: pelos olhos dos outros!

FLIQuei cansado!
Hoje tô só o caco, depois da jornada  tripla de ontem e dupla de hoje. Esse ir e vir quase constante: ora pra FLIQ, ora pra ZN trabalhar e depois retornar a FLIQ. Em função disso, compartilharei o meu vídeo de entrada na passarela da moda literária natalense na manhã de hoje e em seguida reproduzirei as impressões de Milena Azevedo (Consultora do Evento) sobre os dois primeiros dias do evento.

Flashes da FLiQ – dia 1 (17.10)


Arte do Banner Joseniz Guimarães
Nesse primeiro dia da FLiQ, já começamos com o pé direito. Bastante gente apareceu pra ver o Spacca e o José Aguiar, além de conferir o trabalho dos quadrinistas potiguares.
Logo pela manhã, Spacca, José Aguiar e eu fomos entrevistados pela Tribuna do Norte e pelo Novo Jornal, dois grandes periódicos de Natal. Entre o assédio inicial da imprensa, eu pude conversar um pouquinho com os dois, e também com a Ana, simpática esposa do Spacca, que já conhecia Natal, mas ficou admirada com o crescimento da cidade dentro de apenas dez anos.
Spacca confessou que é um apreciador do cordel e da xilogravura, e mostrou interesse em conhecer os trabalhos dos quadrinistas potiguares, já de olho na capa de uma antiga Maturi, com o especial sobre Jesuíno Brilhante, feita por Emanoel Amaral (ele e o Aguiar até pensaram que o traço era do Watson Portela).
Spacca também contou como foi o processo de apresentação do projeto do álbum Santô e os pais da aviação para a Cia. das letras, e me relatou que antes de fazer a adaptação do Jubiabá, ele propôs à Cia. das Letras adaptar Capitães da Areia, também do Jorge Amado. Bom, a adaptação do Capitães não vingou, mas ele recebeu uma contra-proposta recente para adaptar Teresa Batista Cansada de Guerra. A gente também conversou um pouco sobre a adaptação para o cinema do Capitães, pela neta do Jorge Amado, Cecília. E, por fim, ele me disse que foi convidado pelo Festival de Amadora, em Portugal, e por isso só poderá ficar na FLiQ até quarta-feira.
No início da tarde, começou a sessão de autógrafos com os dois quadrinistas convidados, mas tivemos a infeliz surpresa de que a transportadora atrasou o envio dos álbuns do Spacca à Cooperativa Cultural da UFRN, com a chegada agendada para quarta ou quinta-feira, apenas. Spacca gentilmente autografou meus três álbuns (fazendo sketches maravilhosos) e fez sketches em papel ofício para os leitores que apareceram, aproveitando para conversar com eles também. Já o Aguiar foi “salvo” pelos meus últimos exemplares do Quadrinhofilia e do Folheteen. Quem comprou, saiu com um sorriso largo no rosto. Hoje à noite ele estará lançando e autografando o Vigor Mortis Comics, no estande dos quadrinistas potiguares. É a chance pra quem não pode comparecer ontem à tarde. Ressalto aqui a presença do quadrinista cearense André Dias, que veio conferir a FLiQ e trouxe seu belíssimo álbum Conversa de Rei para presentear Spacca e Aguiar.
Pontualmente às 15:00 horas, Aguiar se dirigiu à Tenda 1 para ministrar a oficina ABC da HQ. Algumas pessoas fizeram a inscrição na hora e acompanharam a oficina, na qual o Aguiar conversou bastante com os participantes, mostrou vários trabalhos seus, desde o esboço até a arte-final, detalhando o processo de produção, mostrando as nuances da diagramação das páginas, dos enquadramentos, dos ângulos, do tratamento das onomatopeias. E ao fim os alunos fizeram uma HQ coletiva de dez páginas.
Paralela à oficina do Aguiar, ocorreu a primeira sessão de animes, com o público otaku já se aglutinando, mas também atraindo muitas pessoas que ainda não conheciam os desenhos animados japoneses.
Antes das 17:00 horas, a criançada e os professores já se aglutinavam à frente do auditório, à espera do encerramento da sessão de animes, para conferir a primeira palestra da FLiQ, que contou com uma premier do curta de animação O RN na rota de Cabral, produzido por Lula Borges. Lula detalhou todas as etapas do processo da produção da animação e ainda apresentou o game que ele fez em conjunto pra divulgá-la, contando com a presença de um dos dubladores. O pessoal aprovou.
Em seguida, quem falou aos presentes foi a Prof. Alessandra Ferreira. Para ambientar o público, ela exibiu um trecho da animação D. João no Brasil. Alessandra contextualizou a obra do Spacca (D. João Carioca, que deu “origem” à referida animação) e relatou a experiência que teve com alunos do sétimo ano do ensino médio, tanto em utilizar as histórias em quadrinhos e animações na sala de aula, como passar a produzir as primeiras HQs com eles. Spacca estava na plateia e parabenizou Alessandra pelo trabalho que ela vem desenvolvendo.
Sem delongas, Spacca já iniciou sua fala aproveitando para desenhar alguns personagens de seus álbuns. O choque veio ao constatar que haviam repassado a ele uma caneta pilot permanente. Como Spacca não conseguia apagar o desenho, Ivan Cabral (do GRUPEHQ) sugeriu que o quadro fosse dado a ele. Resolvido o problema com a chegada do álcool (sim, eu deixei o quadro branco quase tinindo), Spacca continuou desenhando, e a cada desenho ele mostrava que seu trabalho ao retratar Santos Dumont, D. João VI, Debret, por exemplo, foi encontrar o tom certo para caracterizá-los; e ele só achou ao estudar a personalidade, a vida e os trejeitos de cada um. Numa palestra com participação ativa da plateia, sedenta por fazer perguntas, Spacca optou por prosseguir sua fala respondendo os questionamentos que lhe iam sendo feitos. E vale salientar que na plateia estavam, além de Ivan Cabral, outros membros do GRUPEHQ, como Márcio Coelho, Gilvan Lira e Luiz Elson. Sem contar que os chargistas e quadrinistas compareceram quase que em peso, estavam lá Brum, Wanderline, Marcos Guerra, José Veríssimo, Beto Leite, Leander, Cristal, Dickson Tavares, Joseniz, Marcos Garcia… Quando o relógio marcou alguns minutos além das 20:00 horas, a palestra foi encerrada e a tietagem teve início, com sessões de fotos e autógrafos.

Flashes da FLiQ – dia 2 (dia 18)


O segundo dia da FLiQ contou com as primeiras oficinas ministradas pelos quadrinistas potiguares. Infelizmente a oficina de Criação de Personagem, ministrada por Beto Potiguara, precisou ser reagendada para quarta e quinta, pois o auditório foi cedido à Governadora Rolsaba Ciarlini, que veio falar sobre o cheque-livro.
À tarde as oficinas continuaram com a disputadíssima oficina de animação, ministrada por Lula Borges e a primeira parte da oficina Elementos do Estilo Mangá, ministrada pelo João Henrique Lopes.
Rafael Coutinho chegou distribuindo simpatia para a sessão de autógrafos, no Espaço do Autor. Surpresa boa foi a presença do bem humorado escritor Mário Prata, que também se juntou ao Rafa para a sessão de autógrafos e aproveitou para tieta-lo e até adquiriu um exemplar do Cachalote.
Quem não conseguiu comprar os títulos da série 1000, as canecas e os pôsteres da Narval Comix, todos estão à venda no estande dos quadrinistas potiguares.
Rafa, bastante assediado, disparou para o auditório e iniciou sua palestra falando sobre o que era uma graphic novel (e que ele prefere aportuguesar o termo e chamar de Romance Gráfico) e por que esse tipo de quadrinho mais elaborado não era uma realidade no Brasil a pelo menos cinco anos atrás. Ele foi taxativo, afirmando que o  adiantamento que a editora dá não cobre as despesas dos artistas, sendo necessário fazer trabalhos paralelos para completar o orçamento. Também reforçou a importância do roteiro e as experiências e experimentos que ele fez até poder acertar a mão, e a opção por desenhar em formato “grid” único, como foram o Drink e a adaptação da história da Branca de Neve no álbum Irmãos Grimm, da Desiderata. Ele contou à plateia como descobriu o ritual do mensur e percebeu que daria para contar uma história interessante a partir desse ritual alemão que ainda hoje é praticado. Ao fim de sua fala, Rafa me elogiou bastante (fiquei até sem jeito) e conclamou o pessoal a comprar os produtos da Narval Comix.
Logo após, foi a vez do José Aguiar (que estava na plateia da fala do Rafa, junto ao Spacca e ao Mário Prata) mostrar pra gente como ele, a quatro mãos (junto com o Paulo Biscaia), conseguiu adaptar duas peças da Cia. teatral Vigor Mortis, de Curitiba, para o formato de história em quadrinhos. Aguiar aproveitou o momento para ressaltar a importância da FLiQ e de como é salutar poder compartilhar trabalhos e experiências com outros quadrinistas, e os eventos servem para aproximar os artistas e, principalmente, o público leitor ao artista.
Todos seguimos para o estande dos quadrinistas potiguares para o lançamento e sessão de autógrafo do Vigor Mortis Comix, do Aguiar. O nosso estande ficou muitíssimo movimentado, pois apareceu bastante público para conversar com o Aguiar, pegar autógrafo personalizado com sketch, e também teve gente louca atrás dos quadrinhos da série 1000, editada pelo Rafael Coutinho.
Para encerrar a noite, conversei com o Spacca e o Aguiar a respeito de meu novo projeto, e foi massa ter o apoio e o estímulo deles.

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