segunda-feira, 18 de julho de 2011

HQ em debate na convenção Manaus Comic Con

Por a crítica - 09.07.11
O evento contará com a participação de Alexandre Callari e Valéria Fernandes como palestrantes. Confira entrevista 
Alexandre Callari fala sobre arte sequencial (História em Quadrinhos, ou HQ) em evento realizado em Manaus
Alexandre Callari fala sobre arte sequencial (História em Quadrinhos, ou HQ) em evento realizado em Manaus 
(Arte Gusmão/Foto Divulgação )
Após causar polêmica por conta do uso da “marca” Comic Con e gerar uma grande expectativa nos fãs da arte sequencial (a popularmente conhecida História em Quadrinhos, ou HQ), a Manaus Comic Con inicia neste sábado (9), às 10h, na sede da Escola Superior de Tecnologia - EST.
Para mostrar que a convenção não está para brincadeira, a linha de frente é composta por um time de peso que irá comandar as palestras. Dois desses nomes são Alexandre Callari, um dos editores do site Pipoca e Nanquim (http://www.pipocaenanquim.com.br/), e Valéria Fernandes, historiadora e autora do blog Shoujo Café (http://www.shoujo-cafe.blogspot.com/). A CRÍTICA conversou com ambos sobre mercado, relação com cinema e peculiaridades dos quadrinhos.
Quadrinhos são coisa de criança?
Valéria Fernandes – Certamente, não. Há quadrinhos para todos os públicos: crianças, jovens, adultos, homens, mulheres. No entanto, os quadrinhos foram durante muito tempo tratados como material infantil e, veja só o desprezo pelas crianças, de qualidade duvidosa e inferior, especialmente se comparados aos livros.  Hoje, felizmente,as coisas parecem estar mudando.
Alexandre Callari – Quadrinhos não são coisa de criança. Eles nasceram originalmente como tiras de jornais, e jornais são veículos lidos por adultos, não crianças. Posteriormente, as HQs começaram a ser produzidas também para o público infantil e durante um bom período, em especial durante a época de censura nos EUA, elas deixaram de apresentar temática adulta. Hoje, temos quadrinhos produzidos para todos os gostos e nichos, independente da idade.

No início da década o mercado brasileiro viu um grande boom de mangás no mercado, e do meio para o fim uma forte retração. A que você acha
que se deve isso?
VF –
 Não percebo essa “forte retração” que você descreveu.  Nunca tivemos tantos títulos de mangás em nossas bancas e livrarias, e cada vez temos uma diversidade maior de títulos.  A Conrad, editora que teve problemas, parece estar retornando ao mercado de mangás. Editoras tradicionais, como a L&PM anunciaram lançamentos de mangás. Os cancelamentos são muito poucos e isso é normal em qualquer mercado. No Brasil, que sempre teve um mercado bem mais modesto, não percebo crise alguma.

É fato que a produção de quadrinhos, principalmente independentes, cresceu bastante no Brasil. Como você enxerga esse crescimento?
AC – Positivo. Mas ainda falta muito para chegarmos em um mercado realmente autossustentável como o europeu e o argentino, e mais ainda para chegar ao mercado norte-americano e o japonês. Hoje editoras grandes como a Quadrinhos na Cia têm apostado em autores nacionais e isso é um sinal de mudança no horizonte, Porém minha opinião é que 90% dos quadrinhistas brasileiros, independente do talento, ainda são pouco profissionais. Quando o comportamento mudar, o quadro mudará mais rápido também.
O mesmo se deu com a produção no formato mangá?
VF –
 Sem dúvida!  Temos o Studio Seasons produzindo com regularidade,a Ação Magazine, que promete ser um material interessante e, claro, a
Turma da Mônica Jovem, que bebe nos mangás sem, no entanto, ser uma tentativa de imitação de clichês dos quadrinhos japoneses.

A mídia quadrinhos foi a principal fonte criativa da indústria cinematográfica na última década. A que você acha que isso deve?
Na verdade, dizer que as HQs foram a principal fonte de inspiração para a sétima arte é um pouco de exagero. Desde o surgimento do cinema, diversos livros foram adaptados, histórias reais filmadas e biografias contadas. Os quadrinhos ganharam o seu quinhão também e a partir da década de 30, foram adaptados em massa e com primor. Desse período temos Flash Gordon, Buck Rogers, Mandrake, Capitão América, Agente Secreto X-9, Fantasma, Tarzan, Zorro, Batman... Quase todos heróis ganharam filmes ou séries entre os anos 30 e 50. Na época, HQs
eram uma linguagem artística poderosíssima, com tirgane na casa de 1 milhão de exemplares - e foi justamente esse sucesso que motivou os
produtores de cinema. Desde então, a intimidade entre os dois manteve-se próxima, até culminar no ponto em que estamos hoje.

E com os mangás, por que não aconteceu o mesmo?
VF -
 Os japoneses produzem adaptações para o cinema de seus quadrinhos o tempo inteiro.  O mesmo acontece na Coréia.  O problema é que esta produção não chega no Ocidente e fica restrita aos nichos da internet. Há resistência, há preconceito e, também, o fato dos japoneses
priorizarem o seu próprio mercado.  Quanto às produções americanas derivadas de mangá, elas acontecem, tivemos Dragon Ball e o projeto
Akira está em andamento.  O problema é a qualidade desses filmes.
SERVIÇOManaus Comic Con - MCC
QUANDO – Sábado e Domingo, das 10h às 20h
ONDE - Escola Superior de Tecnologia - EST (antiga Utam), na avenida Darcy Vargas, 1.200, Chapada
QUANTO - Ingressos antecipados a R$ 10, para cada dia, à venda na loja Hey You! (avenida Constantino Nery, 46, Centro). No dia, R$ 15.

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