domingo, 16 de outubro de 2011

Uma maravilha de heroína

Por Thabata Borine
Em dezembro, Paul Levitz deu uma declaração falando que as Comics são muito mais atraentes para os homens que para as mulheres. O grande problema é que a maioria das editoras escreve apenas histórias para o público masculino, deixando as leitoras em segundo plano, e muitas vezes as personagens femininas são muito menos trabalhadas psicologicamente, parecendo muito mais o que um homem espera de uma mulher que um exemplo do que as meninas admiram.
No começo das histórias em quadrinhos, as personagens femininas foram criadas para agradar o público XY, sendo geralmente parceiras de heróis (do tipo que qualquer vilão captura). A primeira heroína com identidade secreta chama-se Women in Red (Mulher em Vermelho), sendo seu nome verdadeiro Peggy Allen, uma policial que resolveu enfrentar o crime a sua maneira. Estamos na Era de Ouro dos quadrinhos, mais precisamente em 1940.
Eis que na edição 8 da All Star Comics de 1941 surge a primeira super-heroína, a Mulher Maravilha. Sua primeira história completa foi lançada em 1942, na Sensation Comics. Seis meses depois ela ganha seu próprio título (o Batman e o Superman demoraram mais de um ano). Desde o começo ela possui um duplo papel bastante controverso no mundo dos quadrinhos: se por um lado ela precisa ser uma mulher sexy, por outro é a maior representação de todo um gênero nesse tipo de mídia. Mesmo seu criador, o psicólogo William Marston (sob o pseudônimo de Charles Moulton), apresentou opiniões bastante divergentes sobre sua personagem, tentando dizer que ela era um exemplo de força feminina. De toda forma, a maioria das pessoas do mundo a conhecem, seus simbolos e poderes. Não vou falar sobre todas as origens que Diana apresentou durante suas dezenas de recomeços, pois ela possui uma cronologia complicada e bastante modificada com o passar dos anos. Vou me prender a mais moderna.
As Amazonas foram criadas no fim do reino dos Deuses, com o intuito de mante-los para sempre no coração dos homens e a crença na virtude. Atena deu a elas a sabedoria para seguir os caminhos da verdade e da justiça, Artemis as ensinou a caçar, Demeter prometeu fartura, Hestia as ajudou a construir a cidade, Afrodite as presenteou com o amor e Gaia com o poder e a força. Elas viviam na cidade de Themyscira, na Asia Menor. Porém, Ares não gostou da criação das Amazonas, influenciando Heracles a extermina-las. Elas não foram feitas para guerrear, mas aprenderam pois foi preciso. Após um guerra terrível contra o mundo dos homens, as divindades deram as Amazonas a ilha de Themyscira, um local onde a Rainha Hippolyta e suas irmãs estariam a salvo da hostilidade dos mortais, escondidas na eternidade, num mundo pacífico.
Apesar de 3000 anos na ilha com uma vida próspera, a Rainha Hippolyta se sentia solitária. Foi a oráculo Menalippe quem disse a ela para moldar um bebê de barro, que foi agraciado com a alma do filho que Hippolyta havia perdido 32000 anos atrás, numa vida passada. Assim nascia o primeiro bebê na ilha de Themyscira, a princesa Diana. Ela cresceu forte, sendo ensinada por centenas de irmãs e tias que possuía na ilha. Seu apetite pelo saber a fez estudar livros, lutas, arco e flecha, espadas e tudo mais que podia.
Um dia Ares resolveu punir a humanidade por todo o desrespeito que ela possuía com os deuses, dizendo que ia infligir guerra aos homens. Zeus então decretou que as Amazonas fizessem um campeonato para escolher uma representante que contivesse a ordem de Ares. Em segredo, Diana entrou no concurso. Ela se provou a melhor, ganhando então os braceletes inquebráveis de prata e o manto de Mulher Maravilha!
Entre as obrigações do novo posto estava a de viver no Mundo Patriarcal (como as Amazonas chamam nosso mundo). Mesmo triste, Diana deixou o paraíso de Themyscira e foi levada por Hermes para a Universidade de Harvard, para conhecer a professora Julia Kapatelis. Ela foi adotada pela arqueóloga, que conhecia o dialeto das Amazonas, e ensinou o inglẽs a Diana.
A Mulher Maravilha morou em Boston, Gateway city, Washington (base da sua mãe quando esta visitou o mundo na Segunda Guerra Mundial) e hoje vive na Embaixada de Themyscira em Manhattan. Entre suas funções está falar com as Nações Unidas em nome da paz, pois é a campeã dessa causa. Ela também é parte da Trindade, a união dela, do Homem de Aço e do Cavaleiro Negro, os heróis mais nobres da Terra. É uma das líderes da Liga da Justiça. Outro herói que é um grande amigo de Diana é Aquaman, Rei da Atlantis.
Poderes e habilidades
Cinco deusas e um deus deram a Diana os poderes para ela ser a Mulher Maravilha. A beleza e um coração cheio de amor foram os presentes de Afrodite, Athena a sabedoria, Hestia o poder de abrir o coração dos homens, Gaia deu força, Hermes a habilidade de voar, Artemis deu a ela empatia com animais. Além disso, todo o treino da infância ajudam na hora de combater o mal e trazer a paz ao Mundo Patriarcal. Para deixar sua aparência civil e se transformar, ela precisa girar em alta velocidade. Os braceletes, o laço da verdade dado por Gaia (que obriga homem ou deus a ser honesto) e a tiara compõe as armas que a princesa carrega. Ela possui ainda a armadura da campeã das Amazonas, sandálias aladas e um escudo, para quando há grandes batalhas. E claro, o transporte invisível baseado em tecnologia alien que tem a capacidade de se tornar qualquer veículo que ela deseja.
Ano que vem essa idosa faz 70 anos. Não importa a roupa que ela use (seja a nova da edição 600 ou as antigas), se é americana ou se seus conceitos são antigos, a Mulher Maravilha é ainda a maior representante do gênero feminino nos quadrinhos, a primeira a ter sua própria revistinha e merece o respeito dos leitores. Afinal, depois de todos esses anos combatendo o mal, ensinando a paz, sendo a única mulher da Trindade e a principal na Liga da Justiça, ela merece seu lugar entre os grandes heróis das HQ’s.

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