segunda-feira, 18 de julho de 2011

Conselho de Educação quer banir livro de Monteiro Lobato das escolas

Fonte: O GLoboLink

O livro "Caçadas de Pedrinho" de Monteiro Lobato, um dos maiores autores de literatura infantil, pode ser barrado nas escolas públicas. Segundo o parecer do Conselho Nacional de Educação (CNE) a obra é racista. A alegação foi aprovada por unanimidade pela Câmara de Educação Básica do CNE e foi feito a partir de denúncia da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial. O parecer do CNE será avaliado pela Secretaria de Educação Básica e a decisão final cabe ao Ministério da Educação (MEC). O livro já foi distribuído pelo próprio MEC a colégios de ensino fundamental pelo Programa Nacional de Biblioteca na Escola (PNBE).
Em nota técnica citada pelo CNE, a Secretaria de Alfabetização e Diversidade do MEC diz que a obra só deve ser usada "quando o professor tiver a compreensão dos processos históricos que geram o racismo no Brasil".
Publicado em 1933, o livro de Monteiro Lobato, um dos maiores nomes da literatura infantil brasileira, narras as aventuras da turma do Sítio em busca de uma onça-pintada. Conforme o parecer do CNE, o racismo estaria na abordagem da personagem Tia Nastácia e de animais como o urubu e o macaco.
Um dos trechos da obra que sustenta a argumentação do CNE diz: "Tia Nastácia, esquecida dos seus numerosos reumatismos, trepou, que nem uma macaca de carvão". Outro diz: Não é a toa que macacos se parecem tanto com os homens. Só dizem bobagens." De acordo com Nilma Lino Gomes, professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e autora do parecer, o livro deve ser banido das escolas ou só poderá ser adotado caso a obra seja acompanhada de nota sobre os "estudos atuais e críticos que discutam a presença de estereótipos raciais na literatura".
SAIBA MAIS:

Livro de Lobato pode ser banido por racismo

Conselho de Educação quer proibir obra da turma do Sítio do Picapau Amarelo nas escolas devido a referências a Tia Nastácia e sua cor em comparação com animais

Fonte: O DIALink
As aventuras da turma do Sítio do Picapau Amarelo poderão ser banidas das salas de aula. O Conselho Nacional de Educação (CNE) quer proibir nas escolas públicas do País o livro ‘Caçadas de Pedrinho’, um clássico da literatura infantil escrito por Monteiro Lobato. Os 12 conselheiros do órgão acataram por unanimidade denúncia da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial, que considerou a obra racista. Conforme parecer do Conselho, o racismo estaria na abordagem da personagem Tia Nastácia e referências a animais, como urubu e macaco.
A obra Caçadas de Pedrinho, clássico de Monteiro Lobato, pode ser proibido das escolas públicas
Publicado em 1933, o livro narra as peripécias de Pedrinho à procura de uma onça pintada. Em um dos trechos da obra que motivou a denúncia o escritor diz: “Tia Nastácia, esquecida dos seus numerosos reumatismos, trepou, que nem uma macaca de carvão”. De acordo com a autora do parecer, Nilma Lino Gomes, professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), os exemplares devem ser retirados das escolas ou adotados desde que a obra traga nota sobre os “estudos atuais e críticos que discutam a presença de estereótipos raciais na literatura”.
Para entrar em vigor, o parecer precisa ser homologado pelo ministro da Educação, Fernando Haddad. Em nota, o Ministério da Educação (MEC) informou que o ministro vai consultar a Secretaria de Educação Básica, responsável pela seleção dos livros do Programa Nacional do Livro Didático. A obra foi distribuída pelo próprio MEC a colégios de Ensino Fundamental pelo Programa Nacional de Biblioteca na Escola. O ministério não disse quantos livros foram entregues.

Para a educadora Sônia Travassos, especialista em Literatura Infanto-juvenil pela UFRJ, a proibição é absurda. “Achava que já tivéssemos superado a censura com o fim da ditadura. Não é possível que alguém pense em impedir a circulação dos livros do maior escritor de literatura infantil que o Brasil já teve”, criticou. Estudiosa da obra de Monteiro Lobato, a professora defende a discussão da obra em sala de aula. “Se o livro está na escola, cabe ao professor, mediador da leitura, oferecer elementos, informações, sobre o contexto em que ele foi escrito”, disse. Sônia Travassos lembra que a Tia Nastácia é querida por todos do Sítio, participa da vida social da família e tem espaço para expressar sua cultura.

“Os alunos têm o direito de ler os livros de Lobato: livros que abrem as portas do imaginário, apontam críticas sociais e só têm a acrescentar na formação leitora das crianças”, defende a educadora.

Município vai manter a obra

Enquanto o MEC avalia a recomendação do CNE, a Secretaria Municipal de Educação do Rio informou que continuará adotando as obras de Monteiro Lobato. Segundo a secretaria, o uso da obra, “é sempre uma oportunidade para que o tema do preconceito seja trabalhado”.

O presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Educação Básica do Rio, Victor Notrica, reprova o veto à obra de Lobato: “O Sinepe-Rio é contra qualquer cerceamento de leitura de autores consagrados. Vetar a obra de Monteiro Lobato é uma violência. A criança aprende muito lendo Lobato. Defendemos a liberdade de leitura, com orientação”.

Frases

“Não vai escapar ninguém — nem Tia Nastácia, que tem carne preta. As onças estão preparando as goelas para devorar todos..”
Fala da personagem Emília num trecho do livro

“Tia Nastácia (...) trepou, que nem uma macaca de carvão, pelo mastro de São Pedro acima (...) parecia nunca ter feito outra coisa na vida”
Trecho do capítulo ‘O assalto das onças’

“A boneca fez um muxoxo de pouco-caso. Depois, voltando-se para Tia Nastácia: — E você, pretura?”
Trecho do mesmo capítulo

“Tenha paciência — dizia a boa criatura. —Agora chegou a minha vez. Negro também é gente, Sinhá...”
Tia Nastácia no último capítulo do livro

Especialista na obra do autor condena censura

Especialista na obra de Lobato a escritora Márcia Camargos saiu em defesa do autor. Ela lembra que a obra foi escrita décadas antes da adoção de normas de políticas públicas de relações étnico-raciais. “Os professores não são incapazes nem despreparados para lidar com situações deste tipo. Eles têm bom senso e critérios de julgamento para elaborar as informações”, afirma.

Mônica ressalta que a obra é pioneira por trazer Tia Nastácia como uma das protagonistas. “Censurar um clássico deste quilate significa abrir um perigoso precedente, retroceder aos tempos obscurantistas da censura”, diz.

Na internet

A polêmica em torno de ‘Caçadas de Pedrinho’ gerou grande repercussão na Internet. O termo ‘Lobato’ apareceu no ‘Trending Topics Brasil’ do Twitter, que lista os assuntos mais comentados do dia no site.

Os internautas se dividiram. O perfil de @jsimoes saiu defendeu-a: “Vão censurar livro de Monteiro Lobato por preguiça de ensinar História do Brasil. Mais uma oportunidade de educação perdida! BURROS!”. Opinião compartilhada por @tecniseg “Preconceito reverso. Em vez de esclarecer, proíbe. Fácil e burro”.

Mas o dono do perfil @salamaocompatas concordou com o parecer do CNE. “Pior que lendo os fragmentos eu também achei meio preconceituoso”.

Reportagem de Diego Barreto e Maria Luisa Barros
PUBLICADO EM 15.11.10

Um comentário:

Tavares disse...

Esta é a "Síndrome do politicamente correto" Se é racista ou não, Devemos usa-la como exemplo para nos tornarmos algo melhior e não banir obra,varre-la para baixo do tapete.A nossa sociedade era assim,faz parte da nossa historia.As cotas para negros na faculdade,na minha opinião é racismo e ninguem critica isto.

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