segunda-feira, 18 de julho de 2011

Mar de grandes nomes

Por Maria Betânia Monteiro - Tribuna do Norte

O paraíso literário está de tendas abertas a partir de ONTEM, durante o II Festival Literário da Pipa. As atrações despontam cedo. Às 17h30 horas estarão reunidos o talentoso escritor Daniel Galera (Prêmio Jabuti e Machado de Assis pelo romance “Cordilheira”) e o ilustrador e artista plástico, Rafael Coutinho. Mediados pelo jornalista potiguar, Alex de Souza, eles falarão sobre “Novela Gráfica: A construção linguística e visual”, alvo de seu primeiro trabalho, a novela gráfica “Cachallote”, que mescla quadrinhos e narrativa literária.

Concentração do Festival Literário da Pipa acontece na rua Baía dos Golfinhos com debates literários, mostra de artesanato, lançamentos, exposições e músicaConcentração do Festival Literário da Pipa acontece na rua Baía dos Golfinhos com debates literários, mostra de artesanato, lançamentos, exposições e música




































Mas a noite não acaba em HQs. Tem ainda o debate, às 20h, sobre “O Brasil que existe em nós”, com o moçambicano Mia Couto e a portuguesa, radicada em Natal, a doutora em literatura, Conceição Flores. Juntos falarão sobre o papel da literatura brasileira, na gênese da literatura africana, sobretudo entre os autores de língua portuguesa. Ou será que foi a África que contribuiu na gênese da literatura brasileira? Este é um dos questionamentos que podem ser levantados pelo público, já que o debate tem um formato democrático.


Para completar a programação, o escritor paranaense Laurentino Gomes propõe a revisão da criação do país. A partir da sua obra: “1822, como um homem sábio, uma princesa triste e um escocês louco por dinheiro ajudaram a D. Pedro a criar o Brasil - Um país que tinha tudo para dar errado”, Laurentino terá como companhia o historiador, professor acadêmico e escritor pernambucano, radicado em Natal, Raimundo Pereira Arrais.


A noite se encerrou com a apresentação do paraibano Biliu de Campina e Regional, formado por músicos locais. O Forró de Biliu tem toda a essência dos forrós tradicionais, com um suingue característico dos discípulos de Jackson e uma irreverência no duplo sentido das letras que mostra bem toda a malícia e o bom humor nordestino.


Apesar do porte do evento, da diversidade de atrações, tudo é gratuito, está acessível ao público e sem inscrições prévias. Durante os debates nas tendas literárias, que começam sempre às 17h30 está garantido lugar para todo mundo, mesmo que as seiscentas cadeiras sejam ocupadas, não haverá restrições para aqueles desejarem sentar ao chão. E se ainda assim não couber, o público vai poder acompanhar a programação pelo telão montado fora da tenda. “A II edição do Flipipa prima pela democratização, garantindo o acesso à informação literária. A tradição quem vem se construindo é este território livre para o acesso literário”, confirmou o idealizador e curador do Flipipa, Dácio Galvão.


CHINELO, LIVROS E BONS DEBATES


De ontem até sábado a maré estará para peixes grandes. Amanhã quem abre a tenda literária é o jornalista potiguar Tarcísio Gurgel e a escritora Nivaldete Ferreira, falando sobre “Tradição e modernidade em Gizinha, de Polycarpo Feitosa”, um dos maiores representantes do nosso modernismo. Em seguida o romancista Marçal Aquino debate “Do Roteiro ao romance”, tendo a mediação do escritor Pablo Capistrano; Depois, o tema se volta para o regional com “Estrelas de Couro: A Estética do Cangaço”, título do livro do escritor Frederico Pernambucano de Mello (PE) e tema da mesa, que terá ainda o jurista e pesquisador do cangaceirismo, Honório de Medeiros (RN) e a escritora ‘potiparaibana’ Clotilde Tavares (PB).


O livro de Frederico é um capítulo importante, contemplado no Festival Literário. Ele é a primeira produção de história íntima sobre o fenômeno de insurgência social de maior apelo popular do Brasil. Sem perda do caráter epidérmico de banditismo, Pernambucano mostra uma tradição brasileira de rebelião recorrente, irmã do levante indígena, do quilombo e da revolta social. E conclui que veio do fenômeno, a própria marca visual da região Nordeste: não mais que uma estilização da meia-lua com estrela do arrebitado da aba do chapéu de couro dos velhos capitães de cangaço.


No sábado, a programação abre com um bate-papo sobre “Jornalismo e cultura nas redes sociais”, reunindo Dirceu Simabucuru, Laurita Arruda, Yuno Silva e Carito, sob a mediação da jornalista Margot Ferreira. Em seguida, o tema é “Luiz da Câmara Cascudo: por uma fortuna crítica preservada”, com Durval Muniz (PE), Moacy Cirne (RN) e Vânia Gicco (RN). Às 19h30 estarão na tenda o premiado escritor gaúcho João Gilberto Noll e Ilza Matias Sousa (RN), com mediação do professor João da Mata Costa. Encerrando a noite teremos João Ubaldo Ribeiro (BA) e Geraldo Carneiro (MG), com mediação do jornalista Woden Madruga, debatendo o tema “Vida de Escritor”.


Lançamentos, caminhadas, saraus


Além das atrações pontuais, uma série de eventos agita a praia com saraus, leituras, performances, encenação teatral, exposições e lançamentos. Nos estandes da livraria Siciliano, Cooperativa Cultural da UFRN e Sebo Vermelho estarão sendo lançados e relançados obras de autores potiguares e convidados dos debates, que deverão autografar seus livros após as mesas.


O Sebo Vermelho está com três lançamentos marcados. Um deles o livro de imagens da Praia da Pipa, na década de 1980, quando ainda era uma vila de pescadores. O livro se chama Pipa Através do Tempo, do fotógrafo Marco Polo Veras. O lançamento está marcado para hoje, às 17h. Amanhã e depois, no mesmo local e na mesma hora, serão lançados “A Derrota de Lampião”, de Gilbamar de Oliveira Bezerra e “A Biblioteca de Caicó”, de Moacy Cirne.


Já no estande da Cooperativa estará a exposição de Poesia visual: Poema processo, arte, sob a curadoria do artista Jota Medeiros. No sábado, às 15h, haverá uma Caminhada literária aberta ao público, com saída da tenda literária, ruas principais da Pipa indo até o Spa da Alma, sob a coordenação de Fernanda Bauernan e Ana Brito.


Na programação paralela da Pipinha Literária, estarão em prática todos os dias os projetos Exposição Dorian Gray/livro-objeto de arte desenvolvido pela EducaPipa, UFRN, Editora Universitária e Funpec e o projeto Cata-Lendas, no Vila Rocky Point, promovido pelo Ponto de Cultura Arte da Vila. Além de um intensa atividade na livraria Book Shop, com sarau, recitais e lançamentos, sob a coordenação de Cíntia Junqueira.


Pipinha literária: um festival dentro do festival


As letras não são só para gente grande. Nas salas de aula das escolas Domitila Castelo e Vicência Castelo, em seis salas nos turnos da manhã e tarde, cerca de 20 mil estudantes e mais de 600 professores dos municípios de Tibau do Sul, Canguaretama, Vila Flor, Nísia Floresta, Barra de Cunhaú, Goianinha, Arês, Várzea, estarão participando das oficinas realizadas pela Secretaria Estadual de Educação e Cultura — SEEC — sob a supervisão de seus arte-educadores, e coordenação geral de Erileide Rocha (PRO LER).


A prática da escrita literária também será desenvolvida na oficina de contos ministrada pelo escritor Daniel Galera (Prêmio Jabuti e Machado de Assis pelo romance “Cordilheira”) e assessorada pelo jornalista e escritor Carlos de Souza, voltada para estudantes ou concluintes do ensino médio.


Dentro da programação do Pipinha, hoje, às 17h, em frente à tenda, haverá uma dramatização de “O Gato e O Escuro” , miniconto infantil de Mia Couto, com estudantes da Pipa e direção de Cláudio Almeida, tendo como técnica o Teatro do Oprimido.


Serviço


II Festival Literário da Pipa
Dias: Começa hoje a sábado. Hora: Programação durante todo o dia. Local: Praia da Pipa . Entrada franca
Informações sobre programação: flipipa2010.blogspot.com
Realização: Fundação Hélio Galvão, projeto Nação Potiguar, com patrocínio do Governo do Estado, prefeitura de Tibau do Sul .
PUBLICADO EM  19.11.10

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